V I N C E N
T
Danilo Gomes (*)
ou na alameda recoberta de hera
do sanatório de Saint-Rémy,
Vincent van Gogh,
angustiado, mas ainda lúcido,
pinta íris e girassóis,
sem um vintém, sem um níquel no bolso.
Só venderá um quadro
em toda sua vida.
Comprou-o Theo,
por amor fraterno e piedade.
Cem anos mais tarde,
Girassóis será leiloado
por quarenta milhões de
dólares
pela Sotheby’s, de Londres,
e Íris por cinquenta e três
milhões de dólares,
pela Christie’s, de Nova
York.
Pobre, neurótico e suicida.
Mas ninguém jamais pintará
um amarelo catártico como
aquele
em qualquer lugar do mundo.
Só ele, Vincent, sem um
vintém no bolso,
nos campos dourados de Arles.
(*) - Da Academia Marianense de Letras, da Academia Mineira de Letras, da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, dentre outras destacadas instituições de cultura, o autor dispensa apresentações.
O poema comovente, que dele recebemos e publicamos nesse espaço, é apenas uma mostra de seu extenso e luminoso trabalho, seja como crítico, poeta, pesquisador, historiador ou jornalista.
De Mariana, radicado em Brasília desde 1975, pertence à ANE - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRITORES, entidade da qual já foi presidente. Pertence também à Academia Brasiliense de Letras, onde foi recepcionado por Napoleão Valadares, poeta, contista e crítico, outro orgulho das Gerais em Brasília, respeitado estudioso da obra de Guimarães Rosa.
Registre-se, finalmente, que "Danilo, Príncipe da Crônica", assim chamado por Edmilson Caminha (Jornal da ANE - agosto de 2012), é príncipe também da poesia. (Nota de Geraldo Reis - Da Academia Marianense de Letras).