domingo, 25 de abril de 2021

 

                    V I N C E N T

                                                          

                                   Danilo Gomes (*)

                     

                Nos campos dourados de  Arles

                ou na alameda recoberta de hera

                do sanatório de Saint-Rémy,

                Vincent van Gogh,

                angustiado, mas ainda lúcido,

                pinta íris e girassóis,   

                sem um vintém, sem um níquel  no bolso.

 

                 Só venderá um quadro

                 em toda sua vida.

                 Comprou-o Theo,

                 por amor fraterno e piedade.

 

                 Cem anos mais tarde,

                 Girassóis será leiloado

                 por quarenta milhões de dólares

                 pela Sotheby’s, de Londres,

                 e Íris por cinquenta e três

                 milhões de dólares,

                 pela Christie’s, de Nova York.

 

                  Pobre, neurótico e suicida.

 

                  Mas ninguém jamais pintará

                  um amarelo catártico como aquele

                  em qualquer lugar do mundo.

                  Só ele, Vincent, sem um vintém no bolso,

                  nos campos  dourados de Arles.

               

(*) - Da Academia Marianense de Letras, da Academia Mineira de Letras, da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, dentre outras destacadas instituições de cultura, o autor dispensa apresentações. 

O poema comovente, que dele recebemos e publicamos nesse espaço, é apenas uma mostra de seu extenso e luminoso trabalho, seja como crítico, poeta, pesquisador, historiador ou jornalista. 

De Mariana, radicado em Brasília desde 1975, pertence à ANE - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRITORES, entidade da qual já foi presidente. Pertence também à Academia Brasiliense de Letras, onde foi recepcionado por Napoleão Valadares, poeta, contista e crítico, outro orgulho das Gerais em Brasília, respeitado estudioso da obra de Guimarães Rosa. 

Registre-se, finalmente, que "Danilo, Príncipe da Crônica", assim chamado por Edmilson Caminha (Jornal da ANE - agosto de 2012), é príncipe também da poesia. (Nota de Geraldo Reis - Da Academia Marianense de Letras).